Enduro de Resistência: desafios, a prática e o que está por vir
- Serbaja
- 9 de mar. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 10 de mar. de 2022
Relatos dos pilotos e capitães das equipes que já participaram da prova e como estão os preparativos do Serbaja para a nacional deste ano

A etapa nacional da Competição Baja SAE BRASIL está cada vez mais próxima. Com data marcada para acontecer entre os dias 20 e 24 de abril deste ano, no Parque Tecnológico de São José dos Campos (SP), agora será o momento em que as equipes inscritas iniciam o processo de montagem e finalização dos carros. Durante os dias do evento, os estudantes terão a oportunidade de ver o resultado de seus esforços na pista de competição e adquirir mais experiência para as próximas.
Nesse meio tempo, os carros estão sujeitos a participar de diversas provas estáticas e dinâmicas, que têm por finalidade testar desde a segurança até o conforto do piloto no veículo. Dentre elas, a prova do Enduro de Resistência, que será realizada no último dia, possui um grande peso na escolha da equipe vencedora e exige uma preparação para quem a enfrenta.
Nela, o principal objetivo é avaliar a resistência do veículo, que em um período de 4 horas deve completar diversas voltas em uma pista com terreno irregular, fora de estrada, enfrentando diversos obstáculos no caminho, sob qualquer condição climática. Além disso, a prova exige do piloto um alto conhecimento técnico sobre o carro, visto que caso surjam problemas durante o percurso, ele é um dos que terá que fazer os devidos reparos para poder voltar à disputa.

“É uma sensação excelente”, diz Paulo Drummond, piloto da equipe Rampage Baja, da Universidade Federal de Juiz de Fora, sobre a impressão que teve ao participar da prova por dois anos seguidos, em 2019 e em 2020. Apesar do desgaste físico que o desafio exerce e as complicações que acontecem durante ela, o jovem comenta que “todo o contexto do enduro é muito bom de ser vivido”, além de afirmar que “fica revivendo cada momento até a próxima competição”.
Paulo diz que o evento como um todo sempre chama a sua atenção. “O traçado da pista é sempre bem bacana, sem pena alguma dos carros ou dos pilotos. Todo mundo está completamente focado na prova, estratégias sendo feitas, muita correria e, como sempre no Baja, problemas surgindo”. Na nacional de 2020, eles ficaram no top 20, e conseguiram alcançar todas as metas a que se propuseram. E, neste ano, mais uma vez na disputa, seu atual capitão, Vinicius Carvalhaes diz que almeja “alcançar uma melhor colocação na competição”.
Ao comentar sobre a sensação que teve quando participou da prova, o piloto da equipe CEFAST Baja SAE, Yan Duani, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, afirma que foi “uma experiência bem diferenciada das que já havia vivido”. Segundo ele, a adrenalina tomou o seu corpo durante todo o desafio e que durante a prova sua cabeça pensou em tantas coisas, que nem chegou a sentir o cansaço.
Duani, que já participou de outras competições, revela que no ano em que foi piloto titular, o detalhe que chamou a sua atenção foi o nível dos obstáculos que estavam mais altos e isso tornava a pista mais desafiadora que as anteriores.
“Na minha opinião, achei que os obstáculos estavam mais altos. Já tinha pilotado antes em uma regional e acompanhado outras duas nacionais, porém a pista de 2020 foi a mais desafiadora. Eu buscava sempre ficar atrás de algum outro carro na região próxima aos obstáculos dos quais tinha mais dificuldade ou que tinham grandes chances de atolar, assim possivelmente teria uma ultrapassagem fácil”, complementa.
A Equipe Serbaja
O Serbaja não possui relatos recentes da prova do enduro. Depois de um longo tempo sem competir em uma nacional, devido a motivos como a não conclusão e validação dos carros antes da data da competição e, recentemente, por conta da emergência da pandemia de Covid-19, ela está novamente na disputa, desde a última vez que participou da etapa em 2009.
“De início, houve sim uma perda de ritmo”, comenta o atual capitão da equipe, Bruno Almeida, ao lembrar como foi esse período em que não participaram das competições. Em sua estadia como membro da equipe, ele conta que para tentar compensar esse tempo e não perder o ânimo, em 2019 a equipe tentou participar de um amistoso que acabou não acontecendo. “Houve a quebra de um dos eixos de transmissão e não tínhamos tempo hábil para a confecção de outro”. De acordo com o estudante, essa foi uma experiência muito dolorida. Apesar disso, Bruno destaca que esse tempo foi muito importante para a equipe.
“Notamos nessa fase que alguns dos nossos procedimentos não eram eficientes para um processo de fabricação melhor e célere. Conseguimos modificar esse nosso comportamento, para um processo que acreditamos que será o ideal para ter um ótimo ciclo de competição”.

A escolha do piloto para o Serbaja
A equipe está muito animada com os preparativos e os membros já colocaram a mão na massa. Como o carro ainda não está montado, o piloto que irá participar da prova do Enduro ainda não foi escolhido. Isso será feito um mês antes da competição, em um traçado no interior da universidade onde os membros irão realizar uma mini prova de tomada de tempo. O vice-capitão da equipe, Leonel Vaz, diz que essa escolha será feita através de um processo seletivo.
“Primeiro vamos procurar os interessados e ver se eles possuem alguns requisitos, como por exemplo a CNH, para podermos começar o processo seletivo. O piloto além de dirigir bem, deve conhecer bastante do funcionamento do carro e como resolver possíveis problemas”, destaca.
Após isso, o responsável por dirigir o veículo passará por um treinamento em que terá de “conduzir o carro durante as validações que serão realizadas, levantando dados sobre o funcionamento do carro e, simultaneamente, se acostumando com ele”, completa Bruno.
Sobre as expectativas em geral, a equipe deseja ter uma competição tranquila em que possam realizar todas as provas. “Temos essa visão pois somos uma equipe novata e queremos adquirir experiência e vivência para otimizar nosso carro para as competições seguintes”, relata Bruno. Leonel vai um pouco mais além e enfatiza que “primeiro temos que colocar o carro para rodar, depois disso nossas expectativas são bem positivas e realistas, queremos ter o melhor resultado que a equipe já conseguiu”.
SAE BRASIL [s.l.]. Emenda 3, de 30 de setembro de 2019. Regulamento administrativo e técnico BAJA SAE BRASIL: Parte C: Regulamento Competitivo, Enduro de Resistência, [s.l], p. 121-126, 30 set. 2019. Disponível em: http://saebrasil.org.br/wp-content/uploads/2020/03/RATBSB_emenda_03.pdf. Acesso em: 15 de jan. 2022.
Por Mateus Ferreira
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